Disse um dia o engenheiro Belmiro de Azevedo, a propósito duma qualquer trapalhada dum qualquer político, a credibilidade é como a virgindade, só se perde uma vez.
Tratando-se de instituições, a coisa fia mais fino. A perda de credibilidade dum dirigente faz mossa, mas a instituição pode aguentar algumas mossas. Algumas, mas é difícil resistir quando a hidden agenda dos seus dirigentes os leva amiúde a reincidir.
É o caso do ministro anexo, doutor Vítor Constâncio, que tem usado o Banco de Portugal para fazer uns favores a uns governos ou para pôr uns gravetos nas rodas da carroça doutros, consoante.
O Impertinências, distraído com os santos populares, esqueceu-se de tratar o relatório da OCDE sobre a Previdência portuguesa (*) publicado no dia 7. Camilo Lourenço estava atento e escreve hoje no Jornal de Negócios um requisitório sobre a disparidade entre as reduções nas pensões do novo regime previstas pelo BdeP (23%) e as previstas no relatório da OCDE (44%). E conclui: «é mais um sinal de que Vítor Constâncio pôs o banco central a caucionar a governação de Sócrates. É pena: construir uma reputação leva décadas; destruí-la é num instante.»
(*) PORTUGAL - Pensions at a Glance - Public Policies across OECD Countries 2007 Edition
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