24/05/2007

ARTIGO DEFUNTO: e a montanha mediática pariu mais um rato fáctico

Por trás de cada uma das inúmeras notícias todos os dias publicadas sobre os feitos do governo deve haver um spin doctor que considera os consumidores de mídia uns perfeitos asnos a quem podem insultar impunemente o módico de inteligência que lhes sobra do assédio informativo.

Desta vez é a notícia que o «Governo dispensou 40% dos recibos verdes», isto é 40% dos infelizes avençados e tarefeiros que nunca chegaram a arrimar-se a um bico da teta da generosa vaca marsupial pública. Impante, o governo informa o seu agente no Diário Económico que «dispensou, no ano passado, quase metade dos trabalhadores da Administração Central com contratos de tarefa e avença».

Depois da conversão levada a cabo pelos governos do engenheiro Guterres (nos quais, recorde-se, participou o actual primeiro-ministro, seu confesso admirador) que transformaram dezenas de milhares de infelizes dos recibos verdes em felizardos utentes da vaca, sobrou pouco para o ímpeto reformista do engenheiro Sócrates. Segundo o ministério das Finanças sobraram apenas 8.698 infelizes, dos quais 3.660 foram expelidos o ano passado do ventre acolhedor da vaca para as agruras do mercado de trabalho.

Será isto um feito a creditar ao governo? Duvida-se. Primeiro pela insignificância no oceano dos setecentos e tantos mil utentes, segundo porque os infelizes 3.660 infelizes expulsos do paraísos eram presumivelmente os mais produtivos.

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