O Bloco de Esquerda está este fim de semana a preparar «iniciativas legislativas para a prevenção da gravidez adolescente e para tornar a Educação Sexual matéria obrigatória nas escolas». Embalado pela última vitória na guerra das causas fracturantes, o berloquismo prepara-se para iniciar mais uma batalha - a da educação sexual. Com a ecoanomia no estado em que está e estará, com as reformas a marcarem passo, com a gestão mediática a dar alguns sinais de desgaste, até pode ser que o engenheiro Sócrates embarque em mais esta batalha para distrair o eleitorado, à míngua de meios para umas obras de encher o olho e um alívio do cinto ao aproximar-se o countdown das eleições de 2009. Parece um bom complemento para a liberalização do aborto. Agora que o estado fornece os meios do aborto irrestrito, parece lógico adicionar-lhe alguma engenharia social, das almas e dos corpos, à pala de preparar as adolescentes para a contenção na utilização do serviço nacional de abortos, que os tempos estão difíceis.
Porquê esta obsessão, duma esquerda que se veste muitas vezes com roupagens libertárias, de atribuir ao estado um papel de intervenção cada vez mais intrusivo na vida privada dos cidadãos? A resposta é: está-lhes no código genético. Sabem de ciência certa que não têm qualquer chance de chegar ao poder pelo voto. Sabem que já não podem trautear os amanhãs que cantam, porque os amanhãs que cantaram no passado são hoje evocados como um requiem. Desconfiam absolutamente das famílias como lugar da educação por excelência, porque sabem que se podem convencer algumas toda a vida, não podem convencer todas, nem mesmo durante algum tempo. A família é uma instituição que nunca poderão controlar e que abominam por isso mesmo. Não há tomada de palácio de inverno que lhes valha no que respeita à família. Resta-lhe tentar controlar as escolas públicas (em grande parte já conseguem), os mídia (idem), entreter a opinião pública com as causas fracturantes e aprisionar os governos com as suas tácticas chantagistas. Nunca chegarão ao poder mas ajudarão a solapar as fundações das sociedades democráticas.
(A propósito das ambições de engenharia social sempre presentes nestes projectos de «educação social» releia-se este post antigo do Impertinências)
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