Um dos argumentos mais usados pelos adeptos da liberalização do aborto, isto é a sua despenalização e disponibilização tendencialmente gratuita no Serviço Nacional de Saúde, é que dessa política resultará uma redução do número de abortos.
É um argumento contra-intuitivo e definitivamente um insulto à inteligência de qualquer criatura que perceba minimamente como funciona a natureza humana. Imaginemos uma mulher que não tendo usado um dos muitos tipos de contraceptivos disponíveis no mercado, em farmácias, supermercados, em máquinas de venda nos bares, nas discotecas ou na rua, não tomou a pílula do dia seguinte, e decidiu abortar clandestinamente correndo os riscos e suportando os custos. Essa mesma mulher irá agora, dispondo de acesso livre e gratuito ao aborto num hospital, sem ter que dar explicações a ninguém, usar os contraceptivos que não usou no passado ou ter o filho que no passado não quis?
Não, de todo. O que irá acontecer é o que aconteceu noutras paragens - a banalização do aborto como contraceptivo. Por exemplo na Grã-Bretanha, como o Daily Telegraph relata (via Causa Liberal), ou na Rússia, para citar um caso extremo, onde o número de abortos já é superior ao número de nascimentos.
40 anos depois, os argumentos de engenharia social do esquerdismo inglês foram todos eles desmentidos. Redução do número de crianças abandonadas, «ilegítimas», sujeitas a violência, redução do número de mães adolescentes, e toda a bullshit do costume, tudo isto caiu pela base. O número de crianças abandonadas passou de 5.000 para 50.000, a Grã-Bretanha tem o número mais elevados de mães adolescentes na Europa, 1/3 dos nascimentos são actualmente fora do casamento, e o número de abortos aumentou mais de 2% por ano.
Dir-se-à que a situação actual não resultou só do aborto universal e gratuito. É verdade. É o resultado da intervenção sufocante do estado na vida dos indivíduos e da dissolução que opera nas famílias, tornadas aparentemente dispensáveis pela omnipresença do leviatã.
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