17/11/2006

DIÁRIO DE BORDO: os maiores podem ser os melhores ou os piores, ça dépende

Enquanto uns se entretêm com a ESCOLHA DO MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE, outros (o jornal Metro) fazem inquéritos para saber quem é o PIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE, e obtêm de 3 jovens entre os 22 e os 26 anos, respostas como estas:

  • «O rei D. Afonso, por ter batido na mãe» (um estudante de 23 anos que ainda não largou a saia da mãe)
  • «Salazar. Dirigia um regime autoritário e deixava que o povo vivesse em condições degradantes» (uma professora de 26 anos a pensar nas manifs dos profs)
  • «O Pinto da Costa, porque não olha a meios para atingir os fins» (outro estudante de 23 anos, presumivelmente mouro)
Respostas que também poderiam ser escolhas do maior português de sempre. Não por mim, que dos 3 só consideraria como sério candidato Afonso Henriques, que nem sequer era português - ou seria um português avant la lettre? E, se escolhesse o Afonso, não era por ter batido na mãe, apesar dela estar a pedi-las - ou ela ou a irmã Urraca.

Os portugueses amam (o respeitinho é muito bonito) e odeiam, alternadamente, consoante a situação e o grau de enrascanço, as figuras públicas que sentem que mandam. Nas vacas gordas tendem a odiar. Nos períodos de transição, geralmente caracterizados por grandes maninfestações e outras trapalhadas, dividem-se. Uns suspirando uns pelo regresso da mão firme e outros pela baderna final, que no caso da esquerdalhada deveria culminar com a tomada do nosso modesto palácio de inverno. Ao realizarem, com 2 ou 3 anos de atraso, a chegada das vacas magras, aceitam com mansidão, rosnando baixinho, ser pastoreados até aos amanhãs que um dia cantarão.

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