Por muito que se valorize (e seria desonestidade desvalorizar) a simplificação de formalidades estúpidas para criar uma empresa, é um manifesto exagero o Diário Económico titular na 1.ª página «Portugal é o mais ágil do mundo a criar empresas» para referenciar um pífia reforma que nunca terá efeitos mensuráveis na dinamização da economia. Exagero e distorção porque da pífia reforma pode não resultar a criação duma única empresa, quanto mais transmutar-nos no mais ágil do mundo a criar empresas.
O Jornal de Negócios mostra um pouco mais de compostura, citando uma co-autora do relatório "Doing Business 2007" que «afirma ... que Portugal fez menos do que os seus parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e efectivamente, apenas registámos uma reforma positiva». Uma leitura rápida do Overview ajuda a mitigar as excitações.
O mesmo JN descompõe o que tinha composto, ao titular «Clima de confiança atinge máximo de quase dois anos» para nomear um facto que tanto pode ser um erro estatístico como uma insignificância estatística: «o indicador de confiança dos consumidores subiu dos 35,8 pontos negativos para 34 pontos negativos».
Todas estas exaltações mediáticas fazem parte da boa imprensa de que o governo tem desfrutado e, na sua essência, reflectem a visão colectivista do PS, que imagina que «a economia depende dos 100 palhaços que vão à televisão falar de economia». E reflectem também a tentação manipulatória do governo que não resiste a fabricar o que julga ser uma clima favorável aos negócios. É um equívoco, porque o efeito mais significativo deste «optimismo» induzido é dar munição às corporações de interesses instalados e dos direitos adquiridos que ganham argumentos reforçados para sabotar as mais tímidas reformas, que assim perdem o sentido - se tudo está a correr tão bem, como o governo nos quer fazer acreditar, para quê os «sacrifícios»?
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