21/08/2006

ESTÓRIA E MORAL: o pior cego é o que não quer ver

Estória

Com a preciosa ajuda do jornalismo de causas (modalidade causas governamentais), o governo vem tentando vender aos sujeitos passivos a ideia de que a economia começou a dar sinais positivos. Se nos lembrarmos que, na situação de estagnação em que se vive faz 3 anos, qualquer centésima de crescimento do PIB parece o começo do fim do calvário, e esquecendo que mesmo esses tímidos sinais podem significar tanto como aquilo que os analistas do mercado de capitais costumam chamar o dead cat jump, a coisa apresentada pelos spin doctors ao serviço do governo parece começar a endireitar-se, sobretudo quando se fala da milagrosa redução do desemprego.

O último milagre foi apresentado pelo INE a semana passada e referido pela imprensa económica, nuns casos com prudência (como aqui ou aqui), noutros com algum lirismo. Foi preciso esperar pelo DN de hoje sob o título «Um em cada seis desistiu de procurar emprego» para mostrar que a «redução (do desemprego) fez-se mais à custa da passagem de desempregados para a inactividade do que pela criação de emprego. Uns terão desistido de procurar emprego porque reuniram as condições para se reformar e outros porque se sentem desencorajados e não acreditam que possam voltar a empregar-se».

E, no entanto, isso mesmo estava escarrapachado na página 10 das Estatísticas de Emprego do INE (disponível com registo), como se pode ver no diagrama seguinte.



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Moral
There are lies, there are damned lies, and there are statistics (Benjamim Disraeli, 1º ministro da rainha Victoria)

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