Não vou chegar à intemperança do doutor Medina Carreira que disse ao Jornal de Negócios na entrevista de hoje que «o primeiro-ministro deve ter estudado Goebbels, porque é um homem particularmente afinado para a propaganda e para a conversa - que é, de resto, um tipo de política que detesto».
Aparte algum exagero (afinal o doutor Goebbels não viveu o suficiente para transmitir em vida o seu legado ao senhor engenheiro), aceita-se que o doutor Medina Carreira tenha usado essa muleta discursiva. Afinal o senhor engenheiro já fez parte de governos que prometeram a sustentabilidade financeira da segurança social por 50 anos (ou será 100 anos? já estou um pouco confuso) e hoje jurou ao Financial Times, mais uma vez, que a coisa se aguentava para além de 2050, depois das reformas que o seu governo vai adoptar. (Jornal de Negócios)
Talvez duvidando que consiga fazer o que compete ao governo fazer, na circunstância assegurar a sustentatibilidade da segurança social, isto é garantir que as contribuições dos sujeitos passivos não sejam irremediavelmente deglutidas pela insaciável vaca marsupial pública, o senhor engenheiro resolve anunciar mais um anúncio: diz que vai fazer o lugar do outro. O outro são os empresários carecidos de colo e de aconchego junto a uma teta da vaca. O senhor engenheiro vai anunciar (rufam os tambores) «um novo pacote de investimentos empresariais no sector privado».
Porque se esfalfa o senhor engenheiro a anunciar anúncios dos investimentos que os empresários irão (talvez) fazer? Porque não se aplica o senhor engenheiro a cortar a ração pantagruélica da vaca marsupial pública, reduzindo a despesa pública como seria responsabilidade exclusiva do seu governo? Por exemplo, reduzindo o custo da prevenção e do combate aos incêndios na floresta de 27 para 16 euros por hectare, valor médio nos países mediterrânicos. 16 euros usados, aliás, com muito maior eficácia.
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