Desmentindo quem pensa que o homem é um palhaço, o doutor Alberto João Jardim, o Bokassa das ilhas, como certeiramente o baptizou o doutor Jaime Gama, aquele peixe de águas profundas, como não menos certeiramente este último foi baptizado pelo doutor Soares, aonde é que eu ia? ah! o doutor Jardim interrogando-se sobre «se a Madeira é ou não autoviável e auto-sustentável» e adivinhando 9,5 milhões de sujeitos passivos, estacionados no contenente, sem poder fruir as delícias do seu jardim, divididos entre a interpretação do enigmático autoviável (terá a ver com cobrir a Madeira de revestimento betuminoso?) e o esfregar as mãos de contentes, interpretando precipitadamente o auto-sustentável como significando o fim da extorsão pelo Bokassa dos seus magros cobres, adivinhando, dizia eu, o pensamento dos sujeitos passivos, o doutor Jardim apressou-se a esclarecer que não está «pensando em independência e muito menos em independências do tipo Cabo Verde ou Timor, num mundo que está cada vez mais global, num mundo em que cada vez mais se reforçam os grandes espaços. Só por razões muito trágicas é que se ia pensar em independências». (Público). Infelizmente, pensamos nós.
Enquanto o doutor Jardim cogitava como torrar a massa dos sujeitos passivos do contenente, simulando delicados pensamentos geo-estratégicos, a milhares de km a oriente, homofóbicos russos grunhiam “Sodoma não passará!” e “Moscovo não é Sodoma!” aos ouvidos de «homossexuais que tentavam colocar uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, junto da muralha do Kremlin, em sinal de protesto contra o fascismo e a intolerância. A polícia impediu esse acto e prendeu cerca de 50 manifestantes de ambos os lados. ... No total, mais de 120 pessoas, de ambos os lados, foram levadas para esquadras».(Público)
O que tem uma coisa a ver com a outra, perguntareis. Imenso. Num caso, como noutro, trata-se de sujeitos passivos e contas. A diferença é que a maioria dos sujeitos passivo do contenente não gostariam de ser sodomizados e as contas na Madeira já foram há muito (bem) feitas, mas no Público ainda não as conseguiram acertar.
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