25/03/2006

DIÁRIO DE BORDO: l'état, c'est pas moi ou o princípio do fim do Novo Regime, o Estado Social

Se há um genuíno estado napoleónico-estalinista é o estado francês. Mas as semelhanças com o estado português acabam aqui. O estado francês é um estado razoavelmente eficiente (para estado, entenda-se) e a vaca marsupial pública que pastoreia consome menos palha por quilo do que a sua homóloga aqui na paróquia.

Na verdade não só o estado napoleónico-estalinista é mais genuíno. Tudo é mais genuíno e de melhor qualidade. Até as maninfestações são mais genuínas. Os estudantes e os sindicatos não têm o menor pudor de mostrar o seu reaccionarismo mais primário, a sua busca incessante pela protecção estatal, pelo emprego para toda a vida, 35 horas por semana. Estão prontos a andar à porrada com os flics, contre les servants du patronat, contre la mondalisation, bla bla bla bla.

Sempre foi assim e sempre assim será. O mais tímido impulso reformista é imediatamente sufocado pela rua.

Não por acaso, na sociedade francesa a distância dos sans-culottes (cullotes de soie, aujourd'hui) aos vários poderes é ainda mais marcada do que na sociedade portuguesa e a aversão ao risco e à incerteza é muito alta - mas não tão alta como na sociedade portuguesa, que é das mais elevadas no mundo, o que explica muita coisa (ver os estudos de Geert Hofstede, já aqui citados várias vezes).

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