«Match point», o último Woody Allen, é talvez o seu melhor nos últimos anos, depois duma série de filmes pouco inspirados. Um humor mais cruel, menos óbvio. Um tema moral: eu sou eu e a circunstância, ou sou só a circunstância?
Woody Allen chegou a ridicularizar os críticos e os públicos pernósticos europeus, em 2002, em «Hollywood Ending», um filme absurdo (isto é, o filme dentro do filme) que acaba por ser um sucesso da crítica e do público europeus, os quais, no filme, acham très avant garde a completa falta de senso do filme dirigido pelo cego psicossomático, dentro do filme dirigido pelo iconoclasta.
Depois, finalmente reconheceu que, se são os europeus que apreciam os seus filmes (imagino que a maioria dos seus poucos espectadores americanos viva em Manhattan ou em Greenwich Village), então o melhor é rodá-los na Europa, com actores europeus, com produção europeia e temas atractivos para o público diletante que constitui a maioria dos seus fãs.
Jonathan Rhys-Meyers tem uma interpretação soberba de contenção que vale, só por si, os 5 euros do bilhete. Scarlett Johansson? Ah, claro, Scarlett. Apesar não se estar especialmente bonita, um seu bater de pestanas, um seu sorriso diagonal, um seu movimento ondulatório de anca, provoca um sismo no outro lado do planeta (ou no mesmo lado, dependendo donde ficar a sala).
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