A entrevista ao Semanário Económico do professor José Manuel Viegas, um especialista em transportes do IST e confesso adepto do TGV (versão «T deitado»), acrescenta razões de preocupação às já conhecidas. Vou citar duas que têm sido pouco referidas.
Do lado do financiamento, o professor Viegas revela que os subsídios disponíveis (o «envelope financeiro», no dialecto europês) para as Redes Transeuropeias são menores do que os previstos nos estudos dos consultores financeiros, em pelo menos 40%. Boas notícias para os contribuintes europeus, más notícias para os contribuintes portugueses.
Do lado dos benefícios esperados a coisa mais excitante que o professor Viegas consegue imaginar é que, segundo ele, o impacto anual no PIB será triplo do previsto (0,3%), «desde que o tempo poupado seja aproveitado para ganhos de produtividade», acrescenta. Se já é difícil descobrir donde o TGV poderia extrair 0,3% de ganhos de produtividade, não se vê como menos 1,5 hora no trajecto Lisboa-Porto terá virtualidades de poupar um astronómico número de muitas dezenas de milhões de horas por ano a algumas dezenas de milhar de tristes que fazem a deprimente viagem para poder ter um impacto daquela magnitude na produtividade. A menos que viajassem ininterruptamente 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Vamos esquecer as horas na viagem para Madrid, porque essas não são a deduzir, mas a aumentar ao tempo que quem viaja hoje em negócios gasta de avião de Pedras Rubras ou da Portela a Barajas e vice-versa.
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