Com actores como Ralph Fiennes ou Rachel Weisz, com um script baseado em Le Carré, porque terá um realizador com algum talento feito de O Fiel Jardineiro (uma tradução equívoca para The Constant Gardener) uma xaropada piegas e panfletária?
Para quê inserir, com a subtileza de um martelo, o discurso incendiário de Tessa Quayle sobre o Iraque, encharcar todo o filme com versões infatilizadas das teorias conspiratórias de Le Carré, fazendo das personagens estereótipos sem espessura? Meirelles tem desculpas? Tem pelo menos uma má desculpa, chamada Jeffrey Caine, um argumentista banal capaz de estragar o melhor Le Carré, quanto mais o pior.
Não fosse o talento de Fiennes, acompanhado, a uma distância respeitosa, por Rachel Weisz, e O Fiel Jardineiro seria um misto de telenovela mexicana com um policial série B.
É possível fazer dum panfleto um filme genial? É sim senhor. Mas é preciso um génio (pelo menos).
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