Estória
O doutor Soares que tinha ganho até então tudo quanto havia para ganhar, incluindo uma página na história portuguesa do século XX, já foi traído pelo seu ego quando se dispôs a candidatar-se a presidente do parlamento Europeu e veio a perder contra uma «dona de casa», como ele lhe chamou, acabando sentado anonimamente na bancada.
Sem querer exagerar as notícias sobre a sua morte política antecipada, tudo indica que o seu apego ao palco o pode atraiçoar uma vez mais. E desta vez não se arrisca só a perder uma eleição. Arrisca-se a ser apagado da memória dos portugueses.
Se eu acreditasse que o engenheiro Sócrates é um príncipe maquiavélico, diria que manobrou as eleições autárquicas e as presidenciais para lhe limpar o terreno dentro do PS, matando duma só cajadada vários coelhos (e metendo eventualmente uns chumbos no doutor Jorge). A oposição liríco-esquerdista, simbolicamente encabeçada pelo poeta Alegre, a muito mais perigosa facção da família Soares (pai, filho e espíritos santos) e, de brinde, a cabeça da luminária enfatuada que dá pelo nome de professor Carrilho.
Moral
O doutor Soares, como aquela outra velha senhora, tem muito passado, pouco presente e nenhum futuro.
(Vá-se lá saber porquê, saiu-me para título desta edificante estória este. Suspeito que terá sido pela estranheza com que me soou «ética republicana» para caracterizar a vulgata moral vigente durante a baderna que durou de 1910 a 1926, que inspira ainda hoje parte da nossa dinossáurica esquerdalhada.)
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