No dia 15 recebi um email do jornalista Luís Moreira anunciando a sua crónica «TGV EM PORTUGAL / UM PROJECTO MAL AMADO» (ver News Release 429) publicada no site THE PORTUGAL DIGITAL JOURNAL.
Com essa crónica Luís Moreira pretendia explicar «que o autor do Blogue O ABRUPTO, José Pacheco Pereira, não tem razão, estendida também aos vários blogues que acompanharam a intendência de José Pacheco Pereira, sobre o novo Aeroporto de Lisboa, na OTA, e por extensão, sobre o TGV em Portugal.» Provavelmente todos os outros blogues acompanhantes terão recebido um email semelhante.
O que Abrupto pediu ao governo, e com ele os outros blogues, foi para «colocar em linha os estudos sobre o aeroporto da Ota». Esperava-se que quem quisesse demonstrar a falta de razão do Abrupto expusesse os links a tais estudos desconhecidos dos ignaros bloguenautas da intendência ao governo.
Procurei debalde nas 4 densas páginas A4 em que imprimi a crónica, qualquer referência a esses estudos. O que encontrei foi uma soma considerável de detalhes técnicos ou factos irrelevantes, mais de metade referentes ao TGV, que não estava incluído no peditório. As conclusões, que não resultam de qualquer demonstração, ainda que superficial, baseada nesses ou noutros factos, são meros artigos de fé cujo enunciado dispensaria o prolixo desfiar de trivialidades.
Em vez de artigos de fé o que precisamos, em relação ao novo aeroporto como em relação ao TGV, é de análises e avaliações profissionais que identifiquem as diferentes soluções alternativas, explicitem claramente as premissas de cada, incluindo os modelos de financiamento e de operação, e avaliem e comparem os respectivos custos e benefícios num horizonte temporal adequado. Só então fará sentido uma decisão económica racional que implique escolha entre alternativas e não um mero exercício argumentativo para justificar uma decisão contrabandeada.
Não vale argumentar que o investimento público é apenas uma pequena fracção do investimento total, passando ao lado das «contrapartidas» por baixo da mesa aos interesses privados que já se adivinharam e esquecendo défices de exploração que o estado napoleónico-estalinista poderá obrigar-se a suportar (ver o caso das SCUT). Não vale argumentar que o investimento público vai ser multiplicado, esquecendo a «desmultiplicação» resultante da redução do consumo e do investimento privados para financiar o investimento público.
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