Em tempos de vacas gordas os portugueses gostam de gajos que talvez sejam porreiros (Santana Lopes teve um erro de entrada em cena) ou pelo menos parecem porreiros (Guterres). Gajos que andem com os média ao colo, não os chateiem com más notícias, que lhes digam coisas agradáveis, que os façam sentir que tudo está bem, mesmo que, lá no fundo, saibam que algo está mal.
Em tempos de vacas magras os portugueses percebem que têm que se aguentar com um outro tipo de gajos. Gajos (que pareçam) decididos, ligeiramente distantes, tendencialmente autoritários, que pareçam saber fazer contas ou tenham um adjunto que pareça que as sabe fazer, que marquem as suas distâncias aos média. Exemplos: o Botas, o doutor Soares, o professor Cavaco Silva e o engenheiro Sócrates, que foi o melhor que o PS conseguiu arranjar para estes tempos difíceis.
É por isso que a arrogância distante e palavreado erudito do inefável professor Carrilho tem poucas hipóteses de sucesso, quer com, quer sem vídeo mostrando a família. É por isso que não se percebe a reacção indignada dos seus adversários, que deveriam estar felizes por ele ter dado mais um tiro no pé. A menos que julguem moralmente reprovável que o homem mostre a família. Não é. O que será moralmente inaceitável é que o homem, depois de ter usado a família com propósitos políticos, volte a confiscar as máquinas aos paparazzi da paróquia, ou venha a indignar-se se a política lhe entrar pelo quarto adentro.
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