Os nossos empresários, governantes, líderes partidários, comentadores, analistas e, em geral, quase todas as luminárias que discorrem sobre a ameaça chinesa, apavoram-se com o dumping social e com os baixos salários, esquecendo, convenientemente, o que os portugueses andaram durante décadas a fazer com a Europa.
Não é todos os dias que alguém escreve sobre o lado menos visível da questão, que é se os chineses nos dão 10 a 0 nos baixos salários da mão de obra pouco qualificada, já nos dão 3 a 0 nos técnicos qualificados e nos trabalhadores científicos, e, dentro de alguns anos, vão dar-nos 10 a 0 - numa altura em que já só nos darão 3 a 0 nos baixos salários.
O professor Vítor Gonçalves do ISEG na sua coluna «Capital Permanente» do caderno de Economia do Expresso mostra-nos o outro lado da questão chinesa. Alguns dados: entre 1998 e 2003 triplicou o investimento em P&D; entre 1981 e 2003 a publicação de artigos chineses nas revistas científicas internacionais aumentou 13 vezes o seu peso relativo; em 2001 os chineses representavam 30% dos doutoramentos de estrangeiros em engenharia e ciência no EU.De que serve calafetar as fronteiras às T-shirts chinesas?
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