15/06/2005

DIÁRIO DE BORDO: lágrimas de crocodilo

Não por acaso, o Impertinências não tem uma área temática chamada Obituário. Só a orgia mediática a propósito das mortes do general Vasco Gonçalves e do doutor Álvaro Cunhal me empurra para um curto e episódico comentário.

A maioria dos que agora choram lágrimas de crocodilo pelas mortes do general Vasco Gonçalves e do doutor Álvaro Cunhal chorariam de alegria, às escondidas da polícia política, se as ideias que ambos defendiam tivessem vencido no contragolpe de 25 de Novembro de 1975. E teriam vencido, se dependesse só deles, da sua obsessiva fé no comunismo e da reconhecida força de carácter de ambos. Não foi a oposição interna nem a influência do império americano que os derrotou. Foi o império soviético, para cujos interesses Angola era muito mais importante do que este país pendurado no nariz da Europa.

Tivessem as suas ideias vencido e seriam as qualidades desses dois homens, que agora se enaltecem, os atributos que mais os tornariam odiados.

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