Por alguma razão que me escapa, nos últimos dias as mentes liberais andaram agitadas.
Primeiro foi o blasfemo CAA que confessou não ter «jeito para ser "homem de partido"».
Seguiu-se o insurgente AAA que, no mesmo dia, invoca Vargas Llosa que por sua vez tinha invocado uns dias antes von Mises, insurgindo-se «contra a criação de um partido liberal».
AAA insurge-se também, pouco depois, concluindo que "se houvesse condições para um partido liberal ter sucesso, é porque ele seria desnecessário".
O insurgente João, a propósito da «tragédia dos condomínios», vai mais ainda mais longe, pondo em dúvida os fundamentos - «aparentemente, o auto-governo não funciona nem na mais básica das comunidades.»
Nos dias seguintes os blasfemos entram a matar com a série «Porque não devem os liberais formar partidos "liberais"»
Primeiro o blasfemo Rui A. que postula que «o liberalismo não deve qualificar-se como uma ideologia, menos ainda como uma ideologia que se possa definir de esquerda ou de direita. Não é uma ideologia porque não assenta em pressupostos programáticos para a sociedade (pelo contrário, o liberalismo defende a auto-regulação social)».
Em seguida, o blasfemo João Miranda, se dúvidas ainda restassem, avança o argumento definitivo: «os partidos e os liberais trabalham para mercados diferentes. Os partidos estão no negócio do poder, os liberais estão no negócio das ideias»
Estava o assunto praticamente arrumado, mas faltava o golpe de misericórdia que ainda foi dado nesse dia por mais dois blasfemos reincidentes - CAA e Rui A. que avança mais três razões, duas estéticas e uma ética.
Se o liberalismo não é uma ideologia, não é compatível com um partido, por razões estéticas e éticas e (um enorme E) duvida-se que os seus princípios possam ser socialmente exequíveis, o que será o liberalismo?
Será um estado de espírito?
Anda a esquerdalhada ocupadíssima a imaginar os demónios liberais a atacarem as conquistas de Abril, os direitos adquiridos, o estado social e aquelas relíquias que sustentam o culto, e afinal.
Afinal andam os liberais, aquela meia-dúzia de gatos, mais raros do que o lince de Malcata, a sofrer uma crise de identidade. Puf.
(Continua, talvez)
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