O doutor Calimero Lopes declarou solenemente «Temos a solução, o país não precisa de se alarmar». Possivelmente tem razão: o problema dele talvez já esteja resolvido, o dos nossos filhos e netos é que talvez não.
Deixando de lado a engenharia das contas públicas, abundantemente usada pelos governos PS e PSD, do défice do OE resulta a curto prazo o aumento dívida pública e este tem como consequência inexorável um desequilíbrio geracional. As gerações futuras pagarão a factura, quer a causa do défice seja "virtuosa" (investimento público) ou "viciosa" (consumo público, evasão/ineficiência fiscal, etc.) ou uma combinação das duas.
Sendo a causa "virtuosa», poderá dizer-se que é socialmente mais justo o custo do investimento público ser suportado, através do serviço da dívida pública, pelas gerações futuras que dele beneficiarão? Depende. Como justificar o défice e o consequente endividamento para investir em áreas ou projectos em que o estado é comparativamente ineficiente?
Com causa "virtuosa" ou "viciosa", e não podendo a dívida pública aumentar ilimitadamente, nalgum momento é necessário adoptar medidas «estruturais». Deixando, por agora, as medidas suicidárias de contenção da despesa pública, a estratégia de redução do défice pelo aumento dos impostos, sendo mais aceitável do ponto de vista geracional, tem como consequência o aumento do peso do sector público na economia e tem implícita escolhas políticas colectivistas não referendadas pelos eleitores.
Em conclusão (a desenvolver em próximas reflexões aleatórias), o défice do OE ou penaliza as gerações futuras, que não foram ouvidas sobre a bondade da despesa pública, ou engorda a vaca marsupial pública ou, as mais das vezes, consegue as duas coisas.
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