18/12/2004

CASE STUDY: O mercado local de trabalho é um sítio ventoso.

Nessa manhã, o técnico autorizado da Míele (provavelmente a melhor máquina de lavar louça do mundo) tinha substituído a serpentina carcomida por 12 anos de lavagens. Olhei para a factura do técnico, um profissional liberal. Na linha da mão de obra estava uma duração e um preço correspondente a uma tarifa horária de 33 euros (sem IVA). À tarde paguei uma factura da revisão do concessionário da Ford com uma tarifa horária de 30,50 euros. Possivelmente os técnicos (antigamente chamados mecânicos, electricistas, etc.) ganharão pelo menos metade disso.

Os meus filhos e muitos outros jovens cheios de graduações e pós-graduações em ciências e artes etéreas não ganham nem metade do técnico liberal da Míele e talvez menos do que os técnicos da Ford. E, contudo, por cada novo técnico, mecânico ou electricista que surge no mercado de trabalho aparecem dezenas de jovens licenciados em humanidades, ciências sociais, artes, letras, histórias, e muitas outras disciplinas onde não existe procura para um único posto de trabalho fora da vaca marsupial pública.

Seriam as leis da oferta e da procura válidas no mercado de trabalho do reino de Pacheco?

A resposta assaltou-me à sorrelfa, enquanto sacudia na varanda as migalhas do jantar da toalha para o canteiro das hortênsias. Era suposto que as leis da gravidade convencessem as migalhas a aterrar em cima das verduras. Em vez disso, uma rabanada de vento fê-las cair em cima dos meus pés.

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