O INE publicou ontem as «Estatísticas do Comércio Internacional - Janeiro a Agosto de 2004». O défice da balança comercial aumentou 20,3% relativamente ao período homólogo do ano passado, resultado das importações terem aumentado 1,3 mil milhões de euros contra apenas 0,3 mil milhões de euros das exportação. Os maiores aumentos das importações intracomunitárias (o INE não desagrega fora da UE por grupos de produtos) são nos grupos de produtos Veículos e outro material de transporte (0,41 mil milhões de euros) e Máquinas e aparelhos (0,39 mil milhões de euros). Não me cheira que a maior parte sejam bens de investimento (*).
O modelo do costume continua de boa saúde. Continua a ser o consumo que puxa pela economia e não o investimento. Consumo que, como era de esperar, puxa pelas importações (bom, o investimento também puxaria, mas mais tarde sempre poderia empurrar as exportações). Importações que agravam o défice da balança comercial. No passado, a coisa levaria, mais tarde ou mais cedo, a uma desvalorização do escudo, agora leva a um progressivo endividamento ao exterior. E a que leva o endividamento ao exterior? A várias coisas possíveis. Uma delas, especialmente abominada pelo coro choroso das classes empresarial e política, é a transferência dos centros de decisão para o exterior. Empresas soterradas por passivos cada vez maiores são um brinde para quem as quiser comprar, pois claro.
Não há almoços à borla.
(*) A coisa tem que ir pelo cheiro porque o INE não desagrega Veículos e outro material de transporte que inclui dois capítulos da Nomenclatura Combinada em que o 86 são só bens de investimento (possivelmente com pouco peso) e o 87 terá um parte substancial de bens de consumo duradouro. Como não desagrega Máquinas e aparelhos que inclui dois capítulos da Nomenclatura Combinada - o 84 são só bens de investimento (no caso com pouco peso) e o 85 só terá bens de consumo duradouro.
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