A minha amiga doutora Ana, licenciada em psicologia clínica pela Sorbonne, socióloga e antropóloga amadora, leu o Diário de Bordo de ontem via email (recusa-se a aceder à web por razões de princípio) e pergunta-me se eu dei uma de «macho velho e decadente». «Falta de "cojones" é conversa de tasqueiro», disse. Ainda lhe retorqui que ela me lembrava o professor Sousa Franco que, questionado sobre os então nascentes problemas orçamentais, respondeu que «buracos é linguagem de mineiro». Não me ouviu.
O nosso problema, segundo ela, é uma crise dos nossos valores, que foram contaminados pelo materialismo consumista e redutor veiculado pelo império americano através da mundialização. «Talvez tenhas razão - “cojones” é demais», concedi, tentando evitar o discurso da ruptura entre self identitário e o self narrativo, que se anunciava. Mentalmente fiz outro trocadilho: no nosso caso «não é demais», é de menos.
Prova-se mais uma vez que os melhores amigos são os piores detractores. Ou será o contrário?
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