Fiquei mudo de espanto. Como foi possível o Expresso ter ficado a conhecer as conversas privadas num jantar privado de gente discretíssima como os casais Salgado Espírito Santo (anfitriões), Cavaco e Silva e Durão Barroso? É certo que também esteve presente o par Marcelo Rebelo de Sousa e Rita Cabral, mas, ainda assim.
Insisto, como foi possível saberem-se os entusiásticos incentivos ao professor Cavaco Silva para o convencer a abandonar as suas emocionantes actividades académicas e dedicar-se de corpo e alma à presidência da República, na escuridão mediática das catacumbas de Belém? Como se adivinharam os prudentes silêncios de Conrado de alguns convidados?
Embasbacado, comentei o caso com a minha amiga doutora Ana. Disse-me que havia várias teorias, sendo a mais interessante a que lhe foi contada por um dos seus pacientes (recordo que ela faz clínica psiquiátrica amadora pro bono). O homem trabalha na TSF e terá ouvido o doutor Emídio Ranger comentar para a doutora Margarida que o “lesma do casaquinho cor de merda” (é assim que o doutor Emídio costuma chamar ao arquitecto Saraiva) tinha infiltrado um jornalista como copeiro na Casa da Comida que tratou do catering do jantar nos Espíritos.
Tinha que haver uma explicação.
Como tinha que haver uma explicação para os jornais «de referência», segundo a explicação do arquitecto Saraiva (o «lesma», sempre segundo do doutor Emídio), publicarem «todos os disparates, mentiras, ataques pessoais, vinganças, difamações».
E qual é a razão? O arquitecto explica no editorial «O paradoxo dos “media”», de sábado passado. É porque as televisões vêm à frente (ele escreveu que os jornais de referência vêm atrás, o que não é exactamente a mesma coisa).
E porque o fazem as televisões? Porque os tablóides fazem-no antes.
E porque o fazem os tablóides? Porque «a partir do momento em que uma notícia aparece num “site” ou num “blog”, dá-se por vezes início a um processo diabólico».
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