09/12/2003

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Elogio da obsessão.

Secção Res ipsa loquitor
O diletantismo nacional comenta, com ar ligeiramente enfastiado, do alto da sua mediocridade bem pensante, a obsessão da ministra das Finanças com o défice. Parte desse diletantismo apenas anseia por manter ou renovar a sua sinecura. Uma boa parte da restante fala receando que, se ficar calada, seja esquecida – o pavor do diletantismo.
Este ódio de estimação que o diletantismo alimenta por essa obsessão da doutora Manuela não é um acaso. É o fruto gerado no ventre da casta que se vê a si própria como uma intelligentzia pairando acima da choldra. Uma casta – a versão pós-moderna dos Vencidos da Vida das Docas - que agarra, temente de o perder, o seu lugarzinho numa qualquer teta da imensa vaca marsupial pública, ou anseia por aceder a uma teta cada vez menos vaga.
Um bom exemplo dessa casta é a manada de “cineastas” (tomei o gosto pelas aspas) que O Independente inventariava na última sexta-feira, cujas obras custaram aos tansos desde dezenas até centenas de euros por cada espectador que distraidamente se sentou num cinema a olhar para elas. Sobre este tema da subsídio-dependência dos artistas, para não gastar mais latim remeto para o Subsídio ao Bom Senso do Jaquinzinhos que o trata com competência.
A doutora Manuela, por muita asneira que já tenha feito e ainda possa fazer, tem os tomates que faltam a essa casta mole e ociosa. Três afonsos para os tomates obsessivos da doutora Manuela.

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