Estória
Vagueando, um destes dias, pela bloguilha e esquadrinhando o Homem a Dias, ancorei numa a referência com um link para o Público onde se lia que o filósofo francês Jacques Derrida assinou ontem (20-11) o protocolo de adesão de Coimbra à Rede Internacional de Cidades-Asilo (INCA- International Networkof Cities of Asylum), para intelectuais perseguidos por regimes totalitários que não reconhecem a liberdade de criação. A cerimónia foi ainda abrilhantada pelo Doutoramento Honoris Causa da luminária e pelo colóquio internacional cujo título é, por si só, um programa: A Soberania-Crítica. Desconstrução, Aporias. Em torno do pensamento de Jacques Derrida.
Tenho que confessar que ignoro tudo sobre a criatura. Sabia vagamente que era um filósofo, isto é uma alma cega que, numa noite escura, procura, num quarto sem luz, um gato preto que lá não está. Mais vagamente ainda, lera que o homem era desconstrutivista - uma espécie de demolition man do edifício da epistimologia?
Além da mente, também o aspecto do Prof. Jacques é bastante agradável – um ancião, elegante, desconstruído. Tenho a certeza que o Prof. Manuel Maria Carrilho vai querer ser assim, quando for velhinho.
Tentei conhecer a criatura e fiquei a saber, muito por acaso (gentileza do saco de plástico) que o Prof. Jacques defende uma universidade sem condições que se oponha aos poderes estatais, aos poderes económicos, aos poderes mediáticos, ideológicos, religiosos e culturais.
Apesar do filósofo não nos dizer nada sobre a propina de tal universidade sem condições, adivinha-se, pelo local do doutoramento honoris causa, que deve ser a propina, sem cadeado, antes dos aumentos.
Fica por esclarecer quais os poderes que proporcionarão as patacas para sustentar tal universidade. Não estou a ver o Eng. Belmiro do poder económico, ou o Dr. Balsemão do poder mediático, ou mesmo o Dr. Carvalhas do poder ideológico, nem sequer o Cardeal-Patriarca do poder religioso, ou a Fundação Gulbenkian do poder cultural, a abrir os cordões à bolsa para pagar a quem se lhe oponha. Resta o único dos poderes, o público, que gosta de levar no toutiço e ainda paga por cima, sem se queixar, et pour cause. Quem mais pagaria a universidade sem condições senão os suspeitos do costume, os tansos contribuintes?
Moral
Chacun bride sa béte (ditado popular francês, singela homenagem ao Prof. Jacques, que poderia traduzir-se por cada um põe o freio à sua cavalgadura).
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