Conheci-o antes de me conhecer. Era, é e será um incontinente, como lhe chamou um amigo comum. A incontinência dava-lhe para ser emotivo, generoso e disponível, sempre pronto a sofrer, como uma mãe ansiosa com as traquinices dos seus filhos.
Era um Dom Quixote que, para disfarçar os seus excessos de generosidade, me chamava cavaleiro andante de lutas perdidas.
Hoje, mais moderamente incontinente, mais sofrido com as perdas que a má fortuna lhe trouxe, mas com a inocência de sempre. Deu-lhe para escrever, sobre a terra dele e as coisas simples das vidas que já foram e das que ainda são.
Já vai no quarto livrinho, todos simples e comoventes. Fala-nos da aldeia que foi e da vila que queria ser, e já é, dá-nos umas notas soltas do quotidiano dos tempos que passaram, dos monumentos vivos e dos mortos e, com crescente misticismo, leva-nos até à água que corre das fontes de vida.
Não concorre para o prémio Pessoa, concorre para o prémio pessoa, que o júri que tem como membro único O Impertinente lhe atribui por unanimidade.
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