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06/03/2015

Mitos (191) – A crise agravou as desigualdades, teve efeitos mais graves em Portugal e os pobres foram os mais afectados e entre eles os idosos (III)

Continuação de (I) e (II)

«Portugal é o país da UE onde a desigualdade salarial mais cresceu nos últimos anos», com estas ou palavras semelhantes, é um título recorrente. Desta vez foi o Negócios, mas poderia ter sido qualquer outro jornal. Não vou repetir-me porque neste post já demonstrei que estes postulados do jornalismo de causas são falaciosos.

Vou apenas acrescentar que desta vez o jornalista incluiu a suposta desigualdade de remuneração entre sexos (a que o politicamente correcto chama de géneros), assim descrita: «em 2013, os trabalhadores do sexo masculino em Portugal ganhavam, em média, mais 13% do que as mulheres. Cinco anos antes essa diferença era de apenas 9,2%».

Preparava-me para desmanchar mais esta falácia, quando me lembrei que ontem de manhã Henrique Monteiro (um dos poucos jornalistas que consegue ver claro onde a maioria só vê nevoeiro) [*] no Expresso Curto escreveu o que transcrevo e me dispensa de acrescentar algo mais a não ser que também li e apreciei Sowell e até por coincidência o citei a este respeito:

«Sowell, um economista de Stanford, descreve uma série de falácias e factos que se tornaram lugares-comuns mesmo entre os economistas. Dois exemplos, um de factos e outro de falácias. Facto: “A mais importante razão para as mulheres terem salários inferiores ao dos homens não está no facto de receberem menos para fazerem as mesmas coisas, mas sim no facto de não fazerem as mesmas coisas, estarem distribuídas de forma diferente pelos empregos e trabalharem, no geral, menos horas”. Falácia: Se a desigualdade aumenta é porque a pobreza aumenta. Ora a desigualdade pode aumentar com os mais pobres a ficarem menos pobres. Se um rico ganha 100 e um pobre 10 e o rico for aumentado 10% e o pobre 20%, a desigualdade, que era de 90, passa a ser de 98 e o pobre está menos pobre.»

[*] Obviamente que a etiqueta «bons exemplos» aqui em baixo é aplicável ao que escreveu Henrique Monteiro e não ao citado artigo do Negócios.

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